Insulina oral? Quem sabe no futuro…

31/03/2019 19:25

Artigo: Efficacy and safety of oral basal insulin versus subcutaneous insulin glargine in type 2 diabetes: a randomised, double-blind, phase 2 trial

 

Todos conhecemos as formulações de insulina disponíveis no mercado, que em sua grande maioria devem ser injetadas por via subcutânea para sua ação. Fora isso, temos algumas apresentações inaláveis, mas que “não pegaram”…

Mas uma proposta que agradaria não só a médicos, mas também pacientes diabéticos que precisam utilizar a medicação, seria uma apresentação de insulina em comprimidos (mais fácil de ser utilizada e que iria simular melhor a secreção pancreática de insulina, por ter primeira passagem hepática.

Há uma limitação importante para este uso: a insulina, por ser um peptídeo, teria limitada absorção no trato gastrointestinal. A ligação de uma molécula de insulina basal de longa duração (I338) ao caprato de sódio melhora sua absorção e possibilitaria sua absorção por via oral.

 

Em janeiro desse ano, foi publicado no Lancet Diabetes and Endocrinology um ensaio clínico de fase II, duplo-cego que randomizou pacientes com diabetes tipo 2 para insulina glargina uma vez ao dia e placebo oral ou I338 e placebo subcutâneo. Pacientes com diabetes tipo 2 dentro da faixa etária idade de 18 a 70 anos, utilizando metformina em monoterapia ou combinada a outras medicações orais, sem controle adequado (Hemoglobina glicada entre 7,0%–10,0%) com IMC de 25 a 40 kg/m2, sem doenças gastrointestinais ou manipulação cirúrgica do estômago ou intestino delgado foram recrutados.

 O tratamento foi realizado durante oito semanas, com doses em ambos os grupos tituladas de acordo com protocolo pré-especificado pelo estudo. O desfecho primário do estudo era glicemia de jejum após 8 semanas.

Quarenta e nove pacientes foram recrutados, dos quais um retirou consentimento. Nas últimas duas semanas, 13 pacientes no grupo da I338 e 14 no grupo da insulina glargina estavam com doses estáveis de insulina. Seis pacientes no grupo da I338 atingiram a dose máxima da insulina, ao passo que nenhum paciente no grupo da insulina glargina alcançou a dose máxima de 60 unidades. As glicemias de jejum não apresentaram diferença estatisticamente significativa ao final do estudo, embora a I338 tenha demonstrado maior variabilidade. Não houve diferença na incidência de efeitos adversos, incluindo hipoglicemias.

O estudo apresentou amostra pequena, de forma que seu poder estatístico é limitado para a detecção pequenas diferenças em medidas de controle glicêmico. Apesar do valor cientifico em continuar estudos com a I338, o projeto foi descontinuado tendo em vista as altas doses necessárias para atingir um controle glicêmico satisfatório. Essas doses tornariam o produto comercialmente inviável.

 

Ficamos no entanto com uma evidência da possibilidade de termos no futuro insulinas orais no nosso arsenal terapêutico para tratar pacientes diabéticos.

Acesse o artigo em: https://www.thelancet.com/journals/landia/article/PIIS2213-8587(18)30372-3/fulltext

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