Questão 58 - Pergunta e Resposta

06/05/2019 16:11

UFRN 2017 (Acesso direto)

Paciente de 43 anos, tabagista e dislipidêmico, sem tratamento regular, chega ao pronto socorro de uma cidade do interior, distante 2 horas de hospital com serviço de cardiologia, apresentando queixa de dor precordial de início há 3 horas , com irradiação para região escapular e que piora ao deitar. Ao exame físico, ritmo cardíaco regular, duas bulhas normofonéticas, sem sopro, ausculta pulmonar sem anormalidades, PA 126x84 mmHg, FC 84 bpm. Nega uso de medicamentos, cirurgias recentes ou sangramentos. Realizou exames: coagulograma, função renal e hemograma normais. Troponina I convencional (não ultrassensível), colhida com 3 horas de dor negativa. Realizado eletrocardigrama a seguir:

 

Na situação descrita, o provável diagnóstico e o tratamento recomendado são, respectivamente:

A) Pericardite aguda; Ibuprofeno e colchicina.

B) Infarto agudo do miocárdio com supradesnível do segmento ST; AAS, nitrato, clopidogrel, enoxaparina, morfina e trombolítico intravenoso.

C) Infarto agudo do miocárdio com supradesnível do segmento ST; AAS, nitrato, clopidogrel, enoxaparina, morfina e encaminhar para realização de angioplastia primária.

D) Pericardite aguda; Prednisona.

PET Comenta:

Na pericardite aguda, o ECG pode mostrar supradesnivelamento difuso do ST com concavidade para cima, geralmente não surgem ondas Q e a inversão de T ocorre normalmente após a normalização do supra de ST. O critério de maior valor é a medida da relação supra de ST/amplitude da onda T em V6. A razão ST/T maior ou igual a 0,25 é indicativo de pericardite. Os achados clínicos dessa condição envolvem dor anterior de início súbito, que piora com a inspiração profunda e pode se assemelhar à dor da síndrome coronariana. O exame físico revela atrito pericárdico. O tratamento, por sua vez, é sintomático e se houver uma causa ela deve ser tratada. As medicações mais usadas são Aspirina (1.000mg via oral 6/6 horas) ou Ibuprofeno (600mg via horal de 6/6 horas) ou Naproxeno (250 a 500mg via oral 12/12 horas) associado à colchicina (0,5mg 2 a 4x dia). Caso não haja melhora, deve-se considerar o uso de corticóides (prednisona 1mg/kg/dia por 1-2 meses).

Desse modo, o item correto é o A

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1. Ginzton L, Laks MM. The differential diagnosis of acute pericarditis from the normal variant:new eletrocardiographic criteria. Circulation. 1982;65(5):1004-9.

2. Oliveira Neto, Nestror Rodrigues de ECG : ciência e aplicação clínica. São Paulo: 1 edição: SARVIER, 2016.

3. Emergências clínicas : abordagem prática Herlon Saraiva Martins et al. 10 edição. Barueri, SP : Manole, 2015.

 

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