Fluoxetina melhora desfecho funcional em pacientes pós-AVC?

22/08/2020 10:23

Publicado na The Lancet Neurology neste mês, o AFFINITY Trial (em conjunto com outro trial muito semelhante, o EFFECTS) - um Ensaio Clínico Randomizado (ECR), duplo cego, controlado por placebo e realizado em 43 hospitais de 03 países - teve por objetivo avaliar se um curso de 6 meses de fluoxetina oral é seguro e eficaz a fim de melhorar o desfecho funcional após acidente vascular cerebral (AVC). Outros ensaios clínicos anteriores apresentaram resultados conflitantes na investigação clínica do efeito da fluoxetina em termos de neuroproteção e de regeneração neurológica. 

Para compor a população do estudo em questão, foram incluídos pacientes adultos, com diagnóstico clínico de AVC dentro do período de 2 a 15 dias anteriores, neuroimagem consistente com evento cerebrovascular e déficit neurológico persistente (pontuação de pelo 1 na Escala de Rankin modificada/mRS). Os critérios de exclusão foram qualquer indicação definitiva ou contra-indicação para fluoxetina; indisponibilidade de acompanhamento durante 12 meses; mulheres gestantes, amamentando ou em idade fértil sem o uso de métodos anticoncepcionais; inscriçãoem outro ensaio clínico. O desfecho primário foi o estado funcional, conforme medido pela mRS ao final de 06 meses após a randomização. Foram randomizados 1280 pacientes, 642 no grupo fluoxetina (20mg/dia) e 638 no grupo controle, divididos em grupos de número e características basais bem semelhantes, com análise por intenção de tratar. Relativamente aos resultados, aos 06 meses, as categorias na mRS estavam distribuídas de forma semelhante em ambos os grupos (OR 0.94, IC 0.66-1.15, p = 0.53). O estudo em questão (de baixo risco de viés), em conjunto com o EFFECTS Trial e o FOCUS Trial, mostrou de forma convincente que a intervenção em questão não demonstrou efeito na Escala de Rankin modificada em comparação ao placebo. Além disso, em comparação com o grupo placebo, os pacientes do grupo de fluoxetina tiveram mais quedas, fraturas ósseas e crises epilépticas aolongodos 06 meses(amboscom significância estatística). Desse modo, há evidência robusta de que 20 mg diários de fluoxetinaoralnão devem ser recomendadosparapacientescom AVClevea moderado com cuidados de rotina pós-AVC. 

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