Liraglutida, exercício físico ou ambos, qual a melhor estratégia para o tratamento da obesidade?

O tratamento da obesidade consiste em uma abordagem multidisciplinar que envolve tanto mudanças no estilo de vida, quanto abordagens farmacológicas e, até mesmo, cirúrgicas. Os análogos de GLP-1, dentre os quais se destaca a liraglutida, além da sua já comprovada eficácia no tratamento da Diabetes Mellitus tipo 2, têm se mostrado eficazes no manejo da obesidade e tem contribuído para a melhora da qualidade de vida da população. Em maio desse ano, o New England Journal of Medicine publicou um novo ensaio clínico randomizado que avalia o efeito da liraglutida na perda de peso em indivíduos obesos após um período de dieta hipocalórica. Para tanto, os participantes do estudo foram separados em 4 grupos em iguais proporções: um grupo submetido a um programa de exercícios físicos e que tomaria placebo, um grupo que receberia somente o tratamento de liraglutida, um grupo que seria submetido tanto ao programa de exercícios quanto o tratamento farmacológico e, por último, um grupo placebo que manteria atividades diárias usuais. 215 participantes atenderam aos critérios de inclusão do estudo (idade entre 18 – 65 anos, IMC 32 – 44 kg/m² e não diabéticos), dentre os quais 195 conseguiram perder no mínimo 5% de peso após o período inicial de dieta, sendo, portanto, randomizados para os grupos de estudo e avaliados por intenção de tratar. O estudo demonstrou eficácia, com significância estatística, de todas as estratégias utilizadas comparadas a placebo. A terapia combinada (exercício físico + liraglutida) mostrou-se a mais eficaz dentre os grupos avaliados com uma perda de peso de −9.5 kg (95% CI, −13.1 a −5.9; P<0.001), seguida do grupo da liraglutida isolada com −6.8 kg (95% CI, −10.4 a −3.1; P<0.001) e do grupo de exercício sem liraglutida com −4.1 kg (95% CI, −7.8 a −0.4; P = 0.03). Tratam-se, pois, de importantes evidências que corroboram com a eficácia da liraglutida na perda de peso e com a importância da introdução de exercícios físicos em associação ao tratamento farmacológico no tratamento da obesidade.

Artigo: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2028198