Mais uma droga no pacote da insuficiência cardíaca?

22/09/2019 21:48

Dapagliflozina na Insuficiência Cardíaca

Conhecemos várias terapias que reduzem mortalidade na insuficiência cardíaca: algumas mais antigas e consolidadas como os IECAs, betabloqueadores, antagonistas de receptor de mineralicorticoide e devices (CDI e ressincronizadores); outras mais novas, destacando-se a associação sacubitril/valsartana (inibidores da neprelisina e receptor de angiotensina).

No início do mês, foi apresentado no congresso da European Society of Cardiology o estudo DAPA-HF, primeiro ensaio clínico desfecho cardiovascular avaliando o efeito dos inibidores do cotransportador de sódio-glicose tipo 2 (ISGLT2) em pacientes com Insuficiência Cardíaca.

Esta classe de drogas foi desenvolvida para o tratamento de diabetes mellitus tipo 2 e avaliada em uma série de estudos de desfechos cardiovasculares desenhados para demonstrar segurança, mas que acabaram demonstrando benefício cardiovascular em seus desfechos primários. Os resultados dos trabalhos prévios motivaram estudos dedicados para avaliar a eficácia destas medicações em indivíduos com Insuficiência Cardíaca que não necessariamente teriam diabetes mellitus

Nesta quinta, concomitante a uma nova apresentação no congresso da European Association for the Study of Diabetes, foi publicado ahead of print o artigo deste trabalho no New England.

O estudo recrutou mais de pouco mais de 4700 pacientes que foram randomizados para dapagliflozina 10mg ou placebo. O estudo era duplo-cego e o desfecho primário era o composto de morte cardiovascular ou piora da insuficiência cardíaca (marcada por hospitalização ou visita urgente ao pronto-socorro necessitando de uso de drogas intravenosas para estabilização). A população do estudo em sua maioria estava em classe funcional 2, e recebia tratamento padrão para insuficiência cardíaca: mais de 90% usavam betabloqueador e IECA ou BRA, 71% usavam antagonista do receptor de mineralicorticoide e 25% portavam CDI. Apenas 45% dos pacientes que entraram no estudo tinha diabetes.

O resultado do trabalho foi positivo com uma redução significativa de 24% do desfecho primário (NNT=21), com redução de 30% de hospitalização ou visita urgente ao pronto socorro, 18% de morte cardiovascular e 17% de mortalidade total, todos com significância estatística. Cabe mencionar que não houve diferença no benefício entre pacientes com e sem diabetes

Diante desses resultados, parece surgir uma nova droga na lista das terapias redutoras de mortalidade na insuficiência cardíaca.

Confiram a apresentação do trabalho por dois coautores do trabalho, o cardiologista Mikhail Kosiborod e o endocrinologista Silvio Inzucchi no EASD, disponível gratuitamente no link abaixo:

 

https://www.easd.org/virtualmeeting/home.html#!contentsessions/3167

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