Nova classe de drogas no tratamento da insuficiência cardíaca?

21/11/2020 18:45

Apresentado no Congresso da American Heart Association (AHA), o GALACTIC-HF foi publicado no New England Journal of Medicine há cerca de 10 dias e se configura como um ensaio clínico multicêntrico, randomizado, duplo cego e controlado por placebo, cujo objetivo foi o de avaliar se o tratamento com Omecamtiv Mecarbil - um ativador específico da miosina cardíaca - em pacientes com insuficiência cardíaca e fração de ejeção reduzida (ICFER) levaria à redução de risco de eventos de IC e de morte cardiovascular. Eram elegíveis pacientes de 18 a 85 anos com sintomas crônicos de IC; classe funcional II, III ou IV; FEVE ≤ 35%; NT-proBNP ≥ 400 pg/ml; BNP ≥ 125 pg/ml. Foram excluídos pacientes com instabilidade hemodinâmica exigindo suporte mecânico ou medicação intravenosa, pressão arterial sistólica < 85 mmHg, TFG < 20 mL/min/1.73m² e síndrome coronariana aguda recente ou procedimento cardiovascular. O desfecho primário foi um composto de evento de insuficiência cardíaca ou morte cardiovascular, o que ocorrer primeiro, em uma análise de tempo até o evento.

Um total de 4120 pacientes foram randomizados para receber Omecamtiv (25 mg; 37,5 mg ou 50 mg duas vezes ao dia) e 4112 foram designados para o grupo placebo, com acompanhamento de 21,8 meses. A média de idade foi de 66 anos, 21% eram do sexo feminino, 7% eram negros (maior inscrição em estudos de IC), 62% tinham doença arterial coronariana, 40% DM, 70% HAS, 35% DRC e a FEVE média foi de 27%. Relativamente ao arsenal terapêutico já em uso, 87% dos pacientes faziam uso de IECA, BRA ou ARNI, cerca de 20% estavam em uso de ARNI, 94% com BB, 78% com antagonista do receptor de mineralocorticoide e 2,5% com inibidores de SGLT2. Quanto aos resultados, um evento de desfecho primário ocorreu em 1.523 de 4.120 pacientes (37,0%) no grupo do Omecamtiv em comparação a 1.607 de 4.112 pacientes (39,1%) no grupo placebo (HR 0.92; 95% IC, 0.86-0.99; p = 0,03). Apesar da redução no desfecho composto primário - sendo importante atentar ao limite superior de confiança que quase toca o 1 -, não houve benefício nos resultados de morte cardiovascular e de morte por todas as causas. De todo modo, trata-se de uma opção a mais no cenário de IC com maior cronicidade, com uma prova de conceito importante acerca de melhora de função cardíaca por meio do direcionamento seletivo do sarcômero cardíaco, com aumento da força de contratilidade miocárdica, sem aumento de FC e de consumo de oxigênio pelo miocárdio.

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