QUESTÃO 29 - Resposta
QUESTÃO 29
UNICAMP 2017 (Acesso Direto)
Primigesta, 25ª, interna em trabalho de parto com 8cm e rapidamente evolui para parto vaginal com retenção placentária, sendo necessária extração manual. Apresenta tipagem sanguínea O Rh negativo. Refere administração de Imunoglobulina anti-D com 30 semanas de idade gestacional. No alojamento conjunto realiza teste de Coombs Indireto com resultado positivo. A conduta para está puérpera é:
A) Orientação para seguimento em pré-natal de alto risco em uma futura gestação.
B) Administração de imunoglobulina se Coombs indireto Negativar.
C) Expectante, já que recebeu imunoglobulina durante o pré-natal.
D) Administração de nova dose de imunoglobulina anti-D se recém-nascido Rh positivo.
PET Comenta:
A questão acima destaque um tema de extrema importância para a obstetrícia, que é a possibilidade de Doença Hemolítica do Recém-nascido ou Eritroblastose fetal. Doença decorrente da imunização materna contra, principalmente, a proteína D (responsável pelo fator Rh positivo). Assim, para que tenhamos risco da doença ocorrer é necessário que uma mãe Rh negativo tenha um filho Rh positivo que o sensibilize, de modo que na próxima gestação com outro feto Rh + ocorre um ataque da IgG materno anti-D contra as hemácias fetais.
Nesse contexto, a principal forma de combate a essa doenças se baseia na administração de imunoglobulina anti-D nas gestantes de alto risco de isoimunização, preferencialmente com uma dose com IG de 28 semanas e a segunda em até 72 horas após o nascimento do bebê e confirmação de seu Rh +.
Dessa forma, essa é uma questão que exige muita atenção, pois devemos ir além da simples consideração de que toda mãe Rh negativo com Coombs Indireto negativo e filho Rh positivo deve receber a imunoglobulina anti-D.
No caso acima a nos temos uma puérpera que é Rh negativa, entretanto neste momento está apresentando um Coombs Indireto POSITIVO! O detalhe no qual precisamos de atenção é na história do pré-natal, isso por que a administração da Imunoglobulina anti-D com 30 semanas de IG pode ser a responsável pela positivação do Coombs Indireto, já que o Coombs Indireto detecta a presença de anticorpos contra hemácias que estão livres no sangue.
Desse modo, o Coombs Indireto positivo detectado, provavelmente, não reflete uma memória imunológica natural da puérpera contra o Rh, mas sim a presença dos anticorpos advindos da administração de anti-D, o que tornaria uma mãe ainda dentro das indicações de profilaxia contra imunização, isso apenas se confirmado o Rh + do bebê.
Desse modo, o item correto é o D).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Atualizações na profilaxia da isoimunização Rh Updates in the prophylaxis of the Rh isoimmunization
https://www.febrasgo.org.br/site/wp-content/uploads/2013/05/femina_v38n7_p345-52.pdf