Questão 77

08/05/2020 10:02

(UFRN -  2017) Paciente de 43 anos, tabagista e dislipidêmico, sem tratamento regular, chega ao pronto socorro de uma cidade do interior, distante 2 horas de hospital com serviço de cardiologia, apresentando queixa de dor precordial de início há 3 horas, com irradiação para região escapular e que piora ao deitar. Ao exame físico, ritmo cardíaco regular, duas bulhas normofonéticas, sem sopro, ausculta pulmonar sem anormalidades, PA 126x84 mmHg, FC 84 bpm. Nega uso de medicamentos, cirurgias recentes ou sangramentos. Realizou exames: coagulograma, função renal e hemograma normais. Troponina I convencional (não ultrassensível), colhida com 3 horas de dor negativa. Realizado eletrocardigrama a seguir (ver imagem):

Na situação descrita, o provável diagnóstico e o tratamento recomendado são, respectivamente:

A) Pericardite aguda; Ibuprofeno e colchicina.

B) Infarto agudo do miocárdio com supradesnível do segmento ST; AAS, nitrato, clopidogrel, enoxaparina, morfina e trombolítico intravenoso.

C) Infarto agudo do miocárdio com supradesnível do segmento ST; AAS, nitrato, clopidogrel, enoxaparina, morfina e encaminhar para realização de angioplastia primária.

D) Pericardite aguda; Prednisona.

 

PET comenta:

Trata-se de um paciente na quinta década de vida que se apresenta ao pronto-socorro com queixa de dor torácica e um ECG envidenciando supradesnivelamento de segmento ST em múltiplas derivações.

Dentre os vários diagnósticos diferenciais, devemos sempre considerar a possibilidade de se tratar de uma Síndrome Coronariana Aguda (SCA). No entanto, a troponina negativa indica que não há injúria miocárdica e portanto uma SCA torna-se improvável. Um diagnóstico diferencial importante que se manifesta com dor torácica e supradesnivelamento de segmento ST é a pericardite.

Seu diagnóstico é feito a partir da presença de ao menos dois de quatro critérios: I) Dor torácica sugestiva (pleurítica, de início súbito e forte intensidade, piora em decúbito dorsal e melhora ao sentar, frequentemente irradiando para músculo trapézio); II) Presença de atrito pericárdico ao exame físico; III) Alterações eletrocardiográficas sugestivas (supradesnivelamento de ST com concavidade para cima e infradesnivelamento de PR, frequentemente envolvendo DI, DII, aVF e V3-V6); IV) Derrame pericárdico novo ou aumento de um pré-existente.

Temos dois critérios presentes (dor sugestiva e ECG sugestivo) e portanto podemos determinar o diagnóstico de pericardite. Os quadros frequentemente são autolimitados e por isso tratamento dos casos não complicados baseia-se no controle da dor. O controle da dor é feito com colchicina e anti-inflamatórios não-esteroidais. (Letra A).

 

REFERÊNCIAS:

Manual de Cardiologia Cardiopapers, 1ª Edição

 
 

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