Questão 79
(Unifesp - 2016) Menino de 8 anos de idade com queixa de dor e aumento de volume em joelho direito há 18 dias, com duração de 4 dias. Há 13 dias, apresentou dor de forte intensidade no tornozelo esquerdo, que durou 2 dias, com melhora espontânea. Há 11 dias, dor e aumento de volume em joelho esquerdo, dificultando a deambulação. Nega febre. Qual a manifestação neurológica mais provável?
A) Parestesia em membro inferior esquerdo
B) Convulsão tônico-clônica
C) Movimentos incoordenados em membros superiores
D) Fraqueza muscular proximal em membros inferiores
E) Clônus em membros inferiores
PET comenta: a questão apresenta o caso de uma criança de 8 anos de idade (faixa etária na qual a infecção pelo streptococcus beta-hemolítico do grupo A é frequente), cuja clínica é de uma poliartrite assimétrica migratória de grandes articulações periféricas. Qual principal hipótese diagnóstica deve ser aventada? Febre reumática!
Sabemos que para fazer o diagnóstico clínico dessa condição, normalmente utilizamos os Critérios de Jones Modificados, que inclusive coloca o padrão de artrite supracitado dentre seus critérios maiores. Apesar de por si só esse sintoma ser insuficiente para de fato fechar o diagnóstico, a febre reumática acaba sendo bastante sugestiva devido ao padrão peculiar dessa artrite, além da epidemiologia compatível nessa faixa etária. Vale lembrar que a febre é apenas um dos critérios menores, não excluindo de forma alguma essa hipótese diagnóstica em sua ausência.
Na doença referida, há uma manifestação neurológica bastante típica: a coreia de Sydenham. Ela é caracterizada pela ocorrência de movimentos involuntários e incoordenados (lembrando uma dança), especialmente dos membros superiores, que cessam durante o sono.
Portanto, a resposta correta é a letra C.
REFERÊNCIAS:
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PEREIRA, Breno Álvares de Faria; BELO, Alinne Rodrigues; SILVA, Nilzio Antônio da. Febre reumática: atualização dos critérios de Jones à luz da revisão da American Heart Association – 2015. Revista Brasileira de Reumatologia, [s.l.], v. 57, n. 4, p.364-368, jul. 2017. Springer Nature. https://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2016.12.005.