Tratamento empírico para tuberculose?
Foi publicado no NEJM estudo multicêntrico, randomizado e aberto para verificar superioridade entre duas estratégias de tratamento para tuberculose em grupos de pacientes vivendo com HIV com CD4 <100 sem uso de TARV e sem forte evidência inicial de doença por tuberculose: um grupo iniciava tratamento empírico sistemático e outro grupo iniciava tratamento conforme resultado de rastreio prévio com teste molecular, antígeno urinário e radiografia de tórax. Desfecho primário analisado foi mortalidade e doença bacteriana invasiva em 24 semanas e 48 semanas e a análise estatística feita por intention-to-treat.
O estudo chegou à quantidade amostral calculada previamente e mostrou que não houve diferenças significativas entre as duas estratégias quanto ao desfecho primário, mas houve efeitos adversos mais severos no grupo que recebeu tratamento sistemático. Assim, não valeria a pena tratar esse grupo de pacientes sistematicamente sem haver indícios sugestivos da doença.
Algumas considerações, contudo, podem ser feitas. Importante mencionar a grande quantidade de óbitos com causas não especificas que poderiam mudar a análise dos dados. Além disso, não foi realizado no estudo tratamento de infecção latente por tuberculose, que na prática é empregado para reduzir incidência da doença em populações com risco aumentado. Por fim, contextualizando para cada realidade, fica o questionamento se realmente haveria necessidade de iniciar tratamento para tuberculose empiricamente na população do estudo, em que a maioria tinha bom performance-status, poucos sintomas sugestivos para diagnóstico e radiografia desconhecida.
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