Uso de progesterona em gestantes com sangramento no início da gravidez pode melhorar os resultados da gestação?

É bem conhecida cientificamente a importância da progesterona no sucesso da gravidez por atuar na preparação do endométrio para a implantação do embrião. Pensando nisso, no estudo publicado em maio de 2019, no New England Journal of Medicine, pesquisadores realizaram um ensaio multicêntrico, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo para avaliação do uso de progesterona no primeiro trimestre da gestação em mulheres com sangramento vaginal no início da gravidez a fim de verificar se o tratamento resultaria em maior incidência de nascidos vivos. O estudo teve a participação de 4153 mulheres do Reino Unido, apresentando menos de 12 semanas de gestação, separadas em grupo placebo e grupo de progesterona, com administração de 400mg de progesterona micronizada por supositório vaginal duas vezes ao dia, até 16 semanas de gestação. O grupo de progesterona demonstrou índice de 75% de nascidos vivos após, pelo menos, 34 semanas, enquanto o grupo placebo alcançou 72%, com incidência de aborto espontâneo de 20% e 22%, respectivamente, nos grupos de progesterona e placebo, com valores também semelhantes de incidência de nascidos vivos nos subgrupos de mulheres que tinham histórico de um ou dois abortos, porém com possibilidade de benefício para uso de progesterona em mulheres com histórico de três ou mais abortos. Não ocorreram diferenças consideráveis em eventos adversos maternos ou neonatais (incluindo as anomalias congênitas) entre os grupos. Conclui-se, portanto, que não houve incidência significativamente maior de nascidos vivos a partir da administração de progesterona micronizada quando comparada com o uso do placebo em mulheres com sangramento vaginal nas primeiras 12 semanas de gestação.

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